espera
não feches o armário
ando à tua procura
onde é que estás?
na cruzeta azul?
mas estas são todas vermelhas
e só têm os teus fatos
nunca percebi porque precisas de tantos
todos novos
praticamente a estrear
espera
não feches o armário
ando à tua procura
deixa-te de brincadeiras
onde é que te puseste?
na gaveta da direita?
aqui só encontro os cachecóis e as luvas
que usas desde outubro no início do frio simples
até aquela nuvem branca de maio
espera
não feches o armário
ando à tua procura
na caixa por cima de tudo?
aqui estás
o teu sorriso e o teu olhar
os que vestes quando sais para mim
espera
não feches o armário
ando à tua procura
do teu corpo todo
não
não feches o armário
não me deixes só dobrada escura e engomada